sexta-feira, 26 de março de 2010

A taverna pós-moderna - O Poeta.



     Einsam tocava lentamente seu vibraolão. Cada nota que ele feria se fazia importante na melodia final, resultante da junção de todas as pequenas notas. Depois de um tempo, parou de tocar e pediu uma caneca de cerveja. Enfim, a caneca chegou bem cheia, como era do seu gosto (e de todos que frequentavam a taverna, é claro). Tomou cada gole na expectativa de se embriagar o mais rápido possível. Para sua infelicidade não conseguiu. A sobriedade era seu maior castigo.

     Olhando ao seu redor, notou umas poucas pessoas presentes na taverna. É claro, não é todo mundo que não tem o que fazer. Como também não é todo mundo que pertence a classe icnoclasta a qual Einsam fazia parte. Pois bem, estando a taverna vazia, sem a balbúrdia usual, Einsam saiu um pouco do casulo da sua mesa e decidiu procurar algo interessante fora do seu território na taverna. Ele encontrou um poeta...

     O poeta estava também com uma caneca na mão, talvez, da mesma forma que Einsam,  querendo se embebedar. O bardo pós-moderno olhou para ele meio desconfiado, percebendo que estava sendo observado. Arrancou uma folha do seu bloco de notas, que carregava para todos os lados na expectativa de surgir uma expiração repentina, e começou a escrever.
Terminado o ato, entregou a folha pra Einsam dizendo:

     - Eu anotei nessa folha branca um poema muito antigo. Ele refletia muito sobre um sentimento que tive no passado, vou compartilhar com você.

     Então Einsam leu o poema:

“Silêncio, soturno
Mudo, absurdo
Calado, fadado.

Triste, em riste espada
Minha amada, não me amas mais.

Que pouca sorte tenho eu
Um sem brilho plebeu
e você reluzente.

Silêncio, soturno.”

     “Malditos poetas”, pensou Einsam, “A escória triste da nossa sociedade pós-moderna. Escrevem coisa das quais não compreendem; como esperam que nós compreendamos?". Após divagar sobre isso, voltou-se pra sua caneca de cerveja. (...)


domingo, 7 de março de 2010

O melhor depoimento.

    Cabeça nas nuvens, menino de vento: A vida passa por ele, os sonhos ficam, a imagem da felicidade no fundo da retina canta e clama por novos ares. Enquanto o coração (ainda novo) pulsa cada vez mais rápido para não perder nenhum momento, os borrões vão se tornando desenhos feitos. Os sonhos passam, (embora a maioria ainda permaneça intacta) a vida agora fica. O menino vento agora é menino cor, menino luz. Já não é mais preciso ir até as nuvens, elas simplesmente se encontram com ele na esquina mais próxima, enquanto o "tum tum tum" do batuque surge descompassado. Mas não há motivo pra espanto: É só o coração de Felipe que agora nasce forte e abre as tortas e as cucas para um novo mundo. 



por Taciana Prieto Barreto.




ps: acho que nunca corresponderei à altura. Mas nunca diga nunca.