sábado, 30 de janeiro de 2010

Metamúsica

Eu andei por muitos cantos só pra te ver.
Eu viajei por muitos cantos, por muitos cantos.
Com nada nas mãos eu aprendi a aprender.
Com nada nas mãos eu vi tudo que destrói.

Agora, eu era herói.

Eu vaguei por muitos cantos só pra entender.
Eu errei por muitos cantos, por muitos cantos.
Com nada nas mãos eu aprendi a aprender.
Com nada nas mãos, o bem, o mal que há em nós.

Agora, eu era herói.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Minipost.

Toda vez que eu vejo a foto do pink floyd ai do lado, sempre penso que o David Gilmour tá dizendo isso:
   - O quê esse puto tá escrevendo aí, vei?

...Enquanto os demais componentes olham para o leitor (se é que essa raça existe aqui) e dizem:
- Sai daê, otário. Vai arrumar o que fazer.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Eu digo é nada.

Cara, é um saco você editar seu texto todo bonintinho
com margem, parágrafos, etc.
E chegar aqui no blog, postar e ficar essa bagunça aqui.
Whatarréu!

domingo, 17 de janeiro de 2010

O nascimento de Roditi.

(...)





     Smirtri Nepoverjik era um croata que morava na cidade de Zagreg, capital da Croácia. Aos 18 anos, Smirtri, como todos os garotos de sua idade, fora obrigado a se alistar nas forças armadas da República da Jugoslávia. Deixou o conforto de seu lar, a segurança e o afago de sua mãe e, por fim, abandonou a violência e alcoolismo de seu pai. E por isso ele era grato, porém é claro, ressentia-se por ter que deixar sua mãe com o próprio Leviatã. O destino cumpre seu papel de justiceiro às vezes, de modo que não foi necessária tanta preocupação por parte de Smirtri, seu pai morreu depois de um ano que ele havia deixado sua casa. Mas também o destino é injusto, pois nesse mesmo ano, Smirtri morreu.

     Quisera o azar bater na porta de Smirtri. E o azar bateu. Bastante forte. Explico: ao entrar no exército no ano de 1990, Smirtri realizou seu treinamento com eficácia, sujeito perspicaz que era, destacando-se dos demais em seu pelotão. Entrou para a artilharia. E como ele atirava bem. Enfim, no ano de 1991, Smirtri conheceu a morte, quando, durante a Guerra de Independência da Croácia, levou um balaço no peito e mais algumas balas espalhadas pelo corpo. Faz-se preciso contar um pequeno detalhe, contudo bastante necessário para o entendimento dessa história: Há um bom tempo atrás, Smirtri definiu-se Ateísta, ainda que a religião católica fosse maioria na Croácia. E por isso, essa história possui sua beleza e unicidade.

     Após morrer, Smirtri foi conduzido a uma espécie de purgatório onde seria julgado pelos seus pecados, o que já causou uma leve onda de terror nele, devido ao seu ateísmo. Smirtri estava em um lugar fechado, apesar de ser muito estranho, ele conseguia ouvir certo tipo de música, clássica pra ser mais exato, tocando ao fundo. Ao seu encontro veio Bog, “gospodar svemira”, o epíteto croata para “Senhor do universo”. Bog era um ser indescritível. Smirtri não conseguia identificar algum traço Nele que pudesse ser levado em consideração para se fazer um retrato-falado, por exemplo. Sendo assim, toda a descrição de Bog é desnecessária, apenas é importante saber que Ele era um ser supremo, isso bastava. Teve início o julgamento de Smirtri.

     - Meu filho, criatura minha, Smirtri, vindo da família Nepoverjik da Croácia, que tens a dizer em sua defesa? – Bog nem sequer abriu a “boca”, mas Smirtri ouviu tudo isso perfeitamente.

     - Grande Bog, senhor do universo, o que eu poderia dizer para mudar seu Divino julgamento perante minha pessoa? Como pode uma formiga vencer um gigante elefante? – respondeu com outra pergunta, Smirtri.

     - Nesse ponto, tens razão, mortal Smirtri. Teu julgamento já estava decidido antes mesmo de tu nasceres. És um mortal inteligente, e nisso me agradas. – ponderou Bog.

     - Posso pedir ao menos um pouco de misericórdia? Não é o que pede todo mortal no seu julgamento, no fim trágico da vida? – indagou Smirtri ao Supremo Ser.

     - Infelizmente, mero mortal, isso não é possível. E te digo o porquê. Tens por filosofia o ateísmo, pecado máximo. Tua sentença já está escrita e se concretizará, irás para o Inferno e deste destino não desviarás. – disse Bog.

     - Supremo ser Bog, humildemente aceito tua sentença, por que a formiga não se opõe ao elefante. Porém se não for demais, e se for de Tua vontade, concede-me três desejos? – pediu Smirtri.

     - Mortal, tua ousadia, assim como tua inteligência me agrada. Dar-te-ei essa última extravagância. Como a Minha sapiência é enorme, já sei quais são os teus desejos e não vejo mal nenhum em agrada-lo. Venha. – disse suavemente Bog.

     Os três desejos eram: Ver a origem do universo, saber se havia vida extraterrestre e por fim, conhecer o sentido da vida. E os desejos foram saciados em um tempo incontável, não sabendo se a odisséia de conhecimento durou 3 segundos ou 3 eras terrestres. O que se sabe é que agora Smirtri era o ser humano mais inteligente da terra, cargo esse, teve efêmera duração, como todas as coisas da vida. E então Bog disse:

     - Smirtri, minha querida criação, é chegada a hora de tua predestinação. Irás para o inferno, como já havia dito e julgado previamente. Vá agora. – imperou o Ser Supremo.

     E a ordem de Bog se fez cumprida. Smirtri viu-se deslocado de onde estava antes para um local extremamente escuro. Sentiu seus cabelos caírem aos montes, seu corpo sendo esmagado, ficando umas cinco vezes menor do que o normal. Não conseguia ouvir nada, ver nada e muito menos respirar. Seu único sentido, era a mente, se é que pode se chamar tal coisa desse nome. Do lugar escuro, uma pequena fresta de luz surgia, que claro Smirtri não via nem percebia nada. E essa fresta ia ficando cada vez maior e maior. E maior e maior. Até que ele foi puxado pra fora do lugar por alguma coisa, ou alguma força. E a luminosidade, antes uma fresta, virou um enorme feixe de luz, que obrigou Smirtri a perceber um leve detalhe, sua visão voltara ao normal. No intermédio, sentiu uma dor na região do umbigo e logo a maior dor de sua vida (ou morte). Recebeu um violento tapa que o fez recuperar a habilidade de respirar, embora não conseguisse falar nada. Mas o tapa, de tão violento trouxe uma seqüela, a perda do seu sentido mais importante, a mente. Smirtri chegara enfim ao inferno. (...)

     Um belo bebê acabara de sair do ventre materno. Todas as providências médicas foram tomadas, desde o corte do cordão umbilical até o tapinha e, conseqüentemente, o primeiro choro de um pequeno ser humano, o primeiro de muitos, é verdade. Um nome muito especial fora dado a esse pequeno vivente, Roditi.



domingo, 10 de janeiro de 2010

A Taverna pós-moderna. - Uma descrição.



Por volta das duas da manhã, Einsam entrou na taverna. A escuridão causada pela falta de iluminação decente tornava o ambiente um pouco macabro, à primeira vista. Depois que os olhos se acostumam à luz de velas, percebe-se um novo mundo ao entrar lá. Assim que chegou, Einsam pode ouvir uma velha música que tocava no som do bar; uma música realmente velha que começava assim: “Welcome my son, welcome to the machine”. Einsam tentou profundamente se lembrar a quem pertencia aquela música mas sua memória já não funcionava tão bem assim depois de ficar exposto à fumaça e poluição da rua. Um sacrifício que foi obrigado a fazer, para assim chegar ao seu bar preferido.

     Basicamente, eram as mesmas pessoas que freqüentavam a taverna pós-moderna. Claro, as pessoas relutantes em aceitar o pensamento maçante da época, que reverberava em todos os cantos, costumes e moda da gente daquele tempo, sendo a taverna o único lugar resistente a esse pensamento, daí surgiu o nome “Taverna Pós-moderna”. Einsam gostava do nome e sempre foi grato por alguém ter tido esse idéia de criar um lugar destoante dos demais.
    
     Logo na primeira mesa, um casal que estava junto há quase 20 anos. Eles passaram por diversas crises internas e até pela Segunda Grande Depressão, que resultou numa enorme quantidade de divórcios e por conseqüência, a queda da taxa de natalidade do país. Se eles sobreviveram a isso como casal, é alguma coisa. Todos os sábados eles iam à taverna ficavam lá até tarde. Mas à frente, ficava uma mesa ocupada pelos bardos e os literatos, um grupo seleto de pessoas que usavam o ambiente sórdido da taverna como motivo de composição, cada qual em sua respectiva área.

     À esquerda dos literatos, estava a mesa dos políticos, ou como eram atualmente chamados: “Os porcos”. Não era um grupo tão querido pelos demais freqüentadores da taverna, mas convenhamos, estamos em lugar que filosoficamente aceitava-se os demais tipos de pessoas, talvez por ser contra o pensamento atual era necessário que houvesse tais concessões. Ora, até aos homossexuais era permitida a permanência no local, depois de anos de luta e preconceito. Um pouco mais atrás da entrada da taverna, ficava a mesa dos cineastas, jovens tolos que discutiam esse tipo de arte, mesmo depois da falência e do fim de todos os cinemas do país. Não me lembro o motivo de tal acontecimento, mas foi algo gradual. Depois de um tempo o cinema ia perdendo toda sua graça, os grandes cineastas desistiam de brigar por suas idéias ao invés de se juntarem ao cinema comercial, enfim, foi uma grande perda pra cultura da sociedade. Mas discutir alguma coisa depois de ela estar morta, era uma grande idiotice, pensava Einsam.

     Lá no fundo, na última mesa, ficava Einsam e seu violão. Enquanto entoava uma canção que compuseram antes de chegar ao local, ele via os bêbados e as prostitutas da mesa ao lado da sua. “Iconoclastas”, com certeza diria Einsam, mas ele ficou calado, preferiu não gastar sua paciência com isso. Porém pensou: “A esses tipos de pessoas está confiado o futuro da revolução pós-moderna...estamos acabados”. Pediu uma cerveja e se recolheu a seu monstro de escuridão e rutilância.